domingo, 7 de julho de 2024

Pesquisadores lançam texto proibido na ditadura militar: 'Povos indígenas do Alto Rio Negro e dominação colonial' nesta quarta, em livraria de Belém

 




 

 

A editora Valer e os professores Edna Castro, Joaquina Barata Teixeira, Valdecir Palhares e Antonio Maria lançam o livro 'Povos indígenas do Alto Rio Negro e dominação colonial', nesta quarta-feira, dia 10 de julho, na livraria Travessia, às 19h. 

 

O livro é resultante de um relatório, que foi peça documental da denúncia levada ao Tribunal Roussel, em 1978, pelas mãos de Álvaro Tukano e Márcio Souza, cujo resultado foi o julgamento e condenação do Estado brasileiro pelo genocídio de povos indígenas praticado durante a ditadura militar. Durante longo tempo, o texto se manteve proibido.

 

Presentemente, porém, com a intervenção da Comissão da Verdade, que atesta a sua importância e a necessidade de que bastidores se revelem, e com o incentivo de pesquisadores e professores da Universidade Federal do Pará – UFPA, ele chega ao público.

 

De acordo com a coordenadora editorial da Valer, professora doutora em Filosofia, Neiza Teixeira, a importância da obra é acrescida num momento em que os povos indígenas do Brasil, especialmente os do Alto Rio Negro, são atores de manchetes de jornais e de documentários na imprensa nacional e internacional, por conta dos maus-tratos e do abandono que vêm sofrendo, visto que ainda são vítimas de descaso, que geram até mesmo etnocídios, apesar da autonomia e da capacidade de compreender os processos, sejam eles culturais ou políticos, aos quais são submetidos.

 

Em boa hora, ele chega, para sabermos sobre os povos indígenas que se situam próximos a nós, e para nos incentivar a tomar uma decisão em defesa de pessoas, do meio ambiente e da Amazônia.

 

“O livro acrescenta aos conhecimentos que já consolidamos sobre a ditadura militar no Brasil e traz informações sobre os indígenas do Alto Rio Negro naquele período. É importante como um documento sobre o momento político brasileiro e, também, como ponto de referência para estudos atuais”, ressalta Neiza.

 

Segundo Márcio Meira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, este livro é o renascimento público daquele relatório de 1976, que o retira definitivamente da clandestinidade. Doravante, será útil para os pesquisadores que estudam a história do indigenismo no noroeste amazônico ou mesmo, de forma mais ampla, a história das ações da ditadura militar e missionárias no Brasil indígena, na década de 1970.

 

"Interessa também, e sobretudo, à memória dos indígenas da região, que confrontaram e resistiram ao regime a eles imposto e hoje estão organizados em torno da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – Foirn, fundada em 1987, uma das mais importantes organizações indígenas do Brasil contemporâneo", ressaltou Mário no prefácio do livro.

 

 

*Sobre os autores*

 

EDNA RAMOS DE CASTRO – socióloga, professora emérita da UPPA, atuando no Núcleo de Altos Estudos Amazônicos e no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, doutora pela École de Hautes Études en Sciences Sociales, na França, e autora de várias obras sobre a Amazônia.

 

JOAQUINA BARATA TEIXEIRA – assistente social, professora da UFPA, onde atuou no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, mestre pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – Naea, especialista e autora de obras sobre a Amazônia.

 

VALDECIR MANOEL AFONSO PALHARES – médico, professor do Instituto Federal de Educação do Pará, atuante na Secretaria de Saúde do Amapá, especialista em Saúde Pública, militante cooperativista e autor de várias obras sobre a Amazônia.

 

ANTONIO MARIA DE SOUZA SANTOS – antropólogo, pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, possui larga experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena.

 

*Sobre a Valer*

 

Com mais de 30 anos de atuação, a Editora Valer é referência na publicação de obras que valorizam a cultura e a história da Amazônia. Possui um catálogo com mais de 2 mil títulos, abrangendo desde a poesia até pesquisas científicas. Ressaltando tanto autores contemporâneos, como Marilene Corrêa, Renan Freitas Pinto, Violeta Loureiro, Márcio Souza, Paes Loureiro, Edna Castro, Astride Cabral, quanto obras clássicas, como “Simá (2011, Editora Valer), de Lourenço Amazonas, e “Poranduba amazonense” (2018, Editora Valer), de Barbosa Rodrigues.

 

Ainda em 2024, a editora Valer voltará a ter sua loja física, após quase 10 anos fechada, só que agora no Largo São Sebastião, no Centro Histórico de Manaus.

 

Em Belém, a livraria Travessia (@travessia.livraria) disponibiliza alguns títulos da editora amazonense. 

 


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