Os “Lengua Maskóy [Enxet] do chaco paraguio” (Valer), testemunho etnográfico do escocês Wilfred Barbrooke Grubb, traduzido do inglês para o português pelo Prof. Dr. em Teoria e História Literária (Unicamp) Hélio Rodrigues da Rocha, será lançado nesta sexta-feira, dia 1.º de setembro de 2023, às 18h30, no auditório UNIR Centro, em Porto Velho, Rondônia.
O livro fala sobre os
anteriormente chamados Lengua, atualmente Enxet, eram vagamente conhecidos
durante a colônia espanhola no Paraguai. A retirada dos Mbaya Caduveos, no
final do século XVIII, da margem direita do rio Paraguai, deslocando-se para a
margem esquerda do rio em Mato Grosso do Sul, abriu caminho e espaço para
outros povos indígenas do interior do Chaco.
A obra narra os
primeiros contatos entre missionários anglicanos e os Enxet, na margem direita
do rio, que foram fortalecidos após a chegada na área do então jovem
missionário escocês W. Barbrooke Grubb (1889), que, desde então, com base em
sua profunda imersão, aprendizagem da língua indígena e uma obstinada – e
questionável – vontade de cumprir sua missão evangelizadora, passou longas
décadas com esse povo, estabelecendo missões anglicanas entre eles, o que foi
esteio para a penetração de outros colonizadores.
O testemunho
etnográfico de Grubb, além de seu viés religioso e civilizacional, oferece uma
riqueza de detalhes que retrata vividamente a cultura, a cosmologia, o
xamanismo e muitos outros aspectos do povo Enxet. A narração de Grubb capta e
catalisa um ponto de virada do mundo precedente, livre e autônomo dos
Enxet-Lengua. Estes, desde então, serão gradativamente transformados pela
influência da colonização, não sem oferecer resistência à dominação e
reconfigurar e ressignificar os processos e as mudanças impostas.
Quem foi W. Barbrooke
Grubb
Wilfred Barbrooke Grubb
nasceu em Liberton, em agosto de 1865, perto de Edimburgo, capital da Escócia,
e faleceu em maio de 1930 em sua terra.
Aos 19 anos de idade se
candidatou para trabalhar para a South American Missionary Society (Sociedade
Missionária Sul-Americana (SAMS) e foi licenciado como Leitor Leigo na Igreja
da Inglaterra.
Em março de 1886, a
Sociedade o enviou para a missão nas Ilhas Malvinas para servir como catequista
leigo. Dali foi enviado ao Paraguai para acompanhar o trabalho iniciado por
Adolph Henricksen entre os povos indígenas.
Na década de 1890,
Grubb construiu várias estações missionárias na região do Chaco, estendendo-se
do rio Paraguai para o oeste em direção à fronteira então disputada com a
Bolívia.
Desde os primeiros anos
no Paraguai, manteve conexões cordiais com o governo, que, já em 1892,
chamava-o de “pacificador dos índios”. Grubb tirou diversas licenças para
promover o trabalho da SAMS na Inglaterra, Escócia, Irlanda, Canadá e Estados
Unidos.
Em uma dessas viagens,
no ano de 1900, proferiu palestras na Conferência Missionária Ecumênica em Nova
York. Além de outros textos para conferências, Grubb escreveu três relatos,
publicados na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Sobre Hélio Rocha
Hélio Rodrigues da
Rocha, professor-adjunto do Departamento de Línguas Estrangeiras (Dale) da
Universidade Federal de Rondônia (Unir) – Campus de Porto Velho, com doutorado
em Teoria e História Literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
pós-doutoramento na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj).
Coordenou, entre 2014 e
2018, o Programa de Pós-graduação Mestrado Acadêmico em Estudos Literários
(PPGMEL). Hoje atua como vice-coordenador do Grupo de Estudos Devir-Amazônia,
onde desenvolve o projeto de pesquisa Tradufagia: processo tradutório de narrativas
de viajantes de língua inglesa à América do Sul.
É membro do Grupo de
Pesquisa Literatura, Educação e Cultura: caminhos da alteridade (lecca); do
Grupo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares Afros e Amazônicos (Gepiaa) e
da Revista Igarapé, da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Está credenciado no
Programa de Pós-graduação Mestrado e Doutorado em Linguagem e Identidade
(PPGLI), Universidade Federal do Acre (Ufac).
É o autor do romance
Maciary, ou para além do encontro das águas (Baraúnas, 2012), do livro de
contos Gaivotas (Penalux, 2015) e Coronel Labre (Scienza, 2016).
Obras traduzidas da Língua
Inglesa para o Português brasileiro: “O mar e a selva: relato de um inglês na
Amazônia” (Paco Editorial, 2014); “O paraíso do diabo: relato de viagem e
testemunho das atrocidades do colonialismo na Amazônia” (Scienza, 2016); “As
aventuras de um sueco nos confins do Alto Amazonas”, incluindo “Uma temporada
entre índios canibais (Scienza, 2017); “A descoberta do grande, belo e rico
império da Guiana” (Scienza, 2017); “O noroeste amazônico: notas de alguns
meses que passei entre tribos canibais” (NEPAN, 2019); “Viagens pelos rios
Amazonas e Madeira: Brasil, Bolívia e Peru [1872-1874]” (Valer, 2020).
Nenhum comentário:
Postar um comentário